quinta-feira, 24 de junho de 2010

Posição da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de São Pedro de Alva

Foi publicado no blogue "Um olhar sobre Travanca do Mondego" a posição da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de São Pedro de Alva sobre a Fusão dos Agrupamentos de escolas de São Pedro de Alva e de Penacova, que transcrevemos com autorização da sua presidente.

"Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de São Pedro de Alva. 


No dia 22 de Junho de 2010 pelas 17h30, realizou-se uma reunião extraordinária do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de São Pedro de Alva, onde os membros desse conselho foram informados que, a partir do dia 01 de Agosto de 2010, este Agrupamento deixaria de existir enquanto tal.
No seguimento disso, este Agrupamento passa a estar fundido a partir do próximo ano lectivo, com o Agrupamento de Escolas António José de Almeida de Penacova, passando este a ser um MEGA-AGRUPAMENTO DE PENACOVA, sendo o único agrupamento de escolas do concelho, com todos os problemas que isso acarreta.
O novo Agrupamento vai ter uma média de 1578 alunos e 200 professores.Esta decisão, não agradou nem aos pais, nem aos professores, tendo recebido logo forte contestação por parte de professores, funcionários e pais do próprio Agrupamento de Penacova. Claro que nada vale a contestação, quando ninguém é consultado para manifestar a sua opinião e se simplesmente recebe a decisão já tomada, de que vai ser assim.
Esta fusão, tem só como único objectivo, reduzir os custos na Educação Nacional. Em nenhuma altura, o Ministério da Educação olhou para a qualidade do ensino, ou se os alunos iriam ser prejudicados. Parem de tapar o sol com a peneira. Está mais que provado que turmas com poucos alunos, em escolas onde todos se conhecem, escolas onde as crianças são seguidas pela mesma equipa, têm resultados muito superiores, aos alunos das escolas das grandes cidades, com turmas de 28 crianças onde o professor nem sequer se lembra do nome da criança, quando chega ao fim do ano lectivo.
É isso que nós queremos para os nossos filhos? Tais atitudes são de lamentar, por isso nos manifestamos contra esta falta de respeito pelo povo que vive no interior de Portugal, "sabendo que se calhar, nada vale a contestação" onde cada dia que passa lhes é retirado um pouco mais da sua identidade (fecho de urgências, de centros de saúde, de tribunais, de escolas, de correios etc.). Será que o interior só vai passar a servir, para passar férias uns dias? Pagamos os nossos impostos e contribuições como todos os outros portugueses, então porque não temos as mesmas regalias? Existem filhos de Portugal e existem enteados? Porque é que nos consideram sempre como uns "totós"? Será porque a nossa voz e as nossas reclamações nunca chegarem a São Bento? Será culpa dos nossos Autarcas e Deputados, eleitos por nós para olharem por nós (falo de todos os autarcas e eleitos de todas as regiões do interior do pais)?
Porque será que o interior de Portugal é que tem de pagar a factura da má gestão do actual e dos anteriores governos? Se querem tanto reduzir as despesas, então que comecem por cima, que comecem por reduzir os Assessores e adjuntos com salários fora do normal! Porque não reduzem os deputados da Nação que, para um país como o nosso, nem de metade precisaria? Porque não acabam com os Governadores Civis que há tempo, mais não são, do que prolongamentos dos braços do partido nos distritos? Não estou de acordo com esta fusão, até porque ela trás outras consequências que, só irão ser visíveis mais tarde.
Desde já o Conselho Pedagógico passa a estar em Penacova e digo mais, se alguma turma em S. Pedro de Alva, não tiver um mínimo de alunos de certeza que juntarão as turmas, e imaginem onde? Penacova. Este foi o meu desabafo! Um desabafo de quem vindo do estrangeiro, viu outras formas de tratar a educação, por isso não concorda com a asfixia lenta que estão a fazer nas terras do interior, "apesar do interior ser cada vez mais perto do mar" e onde viver começa a ser considerado um luxo. Vão existir sempre soluções se assim continuarmos, ou emigramos outra vez como há uns anos atrás, ou vamos todos viver para Lisboa, porque mesmo o Porto, já começa a ser interior também. Eu, nunca calarei a minha voz e lutarei sempre mas, lembro-vos, senão estivermos unidos, de nada vai valer um ou outro manifestar a sua opinião.

Um bem-haja a todos.
Presidente da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de São Pedro de Alva,
Ana Bela Santos"