Esta escola foi um projecto que resultou do empenho de Júlio Paiva, professor de Mobilidade, de João Pedro Fonseca, veterinário e de Filipa Paiva, também veterinária. Cada um deles aderiu à iniciativa com a sua força de vontade e com aquilo que podia representar uma mais-valia. Juntos apresentaram uma proposta à EBA Escola Profissional Beira-Aguieira que, em parceria com a ACAPO Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, a DREC Direcção Regional de Educação do Centro, a Câmara Municipal de Mortágua e a FFAC se candidataram ao programa Horizon.
Deste projecto resultou a construção das instalações da Escola de Cães-Guia para Cegos, em Chão do Vento, Mortágua. A Escola está implantada num terreno de aproximadamente 4000 m2 e é composta por 3 blocos. Num dos blocos encontra-se a parte administrativa, técnica e residencial, no outro bloco os canis e a clínica e o último bloco, a maternidade.
Quando chegámos, estavam mesmo de saída os cães que foram para as "aulas", ou seja, o seu treino. Os cães são levados em carrinhas da associação e são treinados em locais públicos, pois é aí que irão desempenhar o seu trabalho.
Os cães, quando ainda são cachorros, são colocados em famílias de acolhimento até à idade de um ano. O objectivo deste acolhimento é fazer a socialização do cão, tendo a família um apoio técnico contínuo, efectuado pelos educadores da escola.
Findo este período, o cão é devolvido à escola para iniciar um processo de treino, com um educador especializado, para depois se entregue a um cego, de forma gartuita. Claro que este processo demora algum tempo e, entre o nascimento e a entregue ao cego, passam 2 anos.
Depois da partida das carrinhas fomos ver uma parte das instalações. Ficámos a saber que, nesta escola, há cães portugueses e franceses, que são alimentados exclusivamente com ração (de boa qualidade), que há cadelas especialmente destinadas à procriação (com machos escolhido, para manterem as qualidades da raça), que a maior parte dos cães - guia são das raças Golden Retriever e Labrador Retriever (embora tenhamos conhecido uma cadela de outra raça...de que esquecemos o nome) e muito mais.
De seguida fomos visitar a maternidade da escola. Sim, também tem uma maternidade onde as cadelas "parem" e criam os seus filhotes.
Foi nesta área residencial que vimos um filme demonstrativo do processo de educação de um cão. "O sistema de trabalho divide-se nas seguites etapas:
Introdução - tarefas que praticamente não exigem responsabilidade nas tomadas de decisão. Consiste em mostra ao cão qual vai ser o seu trabalho, obediência, marcar passeios, procurar espaço entre obstáculos, etc;
Desenvolvimento - consiste em ir induzindo no cão responsabilidade para a tomada de decisão em tarefas simples;
Consolidação - consiste em transmitir ao cão a responsabilidade integral do trabalho como guia".
Este trabalho é feito por 3 educadores que tiveram uma formação de 3 anos em França.
Também tivemos oportunidade de ver umas fotos dos vários cegos que receberam o seu cão guia e de saber como é feito o finaciamento desta escola. A Segurança Social comparticipa em 65% do valor das despesas e a Câmara Municipal de Mortágua também apoia financeiramente.
Para fazer face às despesas, esta associação tem um programa "auto - financiamento" através da contribuição de sócios, do apadrinhamento de cães, da campanha da "Poppy, um amigo de confiança", organiza um Arraial Comemorativo do Dia do Cão - Guia e uma prova desportiva - o Triatlo Aventura, no qual já participou a professora Isabel Pereira, de Educação Física (2º CEB).
O trabalho desenvolvido já deu muitos frutos. No inicio de 1999 entregaram a primeira cadela treinada em Portugal, a Camila.
No final de 2007 já tinham entregue 62 cães -guia.
Queremos agradecer à escola de cães -guia por nos terem recebido e por nos possibilitarem conhecer um pouco mais deste trabalho tão notável.
Em breve daremos mais notícias sobre iniciativas relacionadas com esta escola.
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